Durante o mês de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, a psicóloga Letícia Cordeiro compartilha orientações essenciais sobre como identificar sinais de alerta e criar redes de apoio efetivas. Em entrevista, a especialista aborda desde o papel dos medicamentos no tratamento até as formas práticas de acolhimento em momentos de crise.
Segundo Letícia Cordeiro, os medicamentos desempenham um papel importante no tratamento de pessoas em situação de risco, mas sempre devem ser prescritos após uma avaliação psiquiátrica adequada. “Os medicamentos irão auxiliar pessoas que têm o diagnóstico a estabilizar o humor, regular o sono, entre outros”, explica a psicóloga, destacando que a medicação é uma ferramenta complementar no processo terapêutico.
Uma das principais dúvidas das pessoas é como proceder quando não sabem como ajudar alguém em crise. A orientação da especialista é clara: o acolhimento vem primeiro. “Você não precisa solucionar o caso da pessoa, o primeiro passo é acolher, considerar a fala dela, entrar em contato com a família, e fazer encaminhamentos para os órgãos de saúde”, ressalta.
Esta abordagem demonstra que qualquer pessoa pode ser um primeiro ponto de apoio, mesmo sem formação específica na área. O importante é ouvir sem julgamentos e conectar a pessoa em crise com os recursos adequados.
Quando questionada sobre como escolas e locais de trabalho podem criar ambientes mais acolhedores, Letícia Cordeiro aponta três estratégias fundamentais: capacitar os colaboradores sobre educação socioemocional, promover espaços seguros para a escuta e o diálogo, e implementar programas de saúde mental e bem-estar.
Essas medidas evidenciam que a prevenção ao suicídio não é responsabilidade apenas dos profissionais de saúde mental, mas de toda a sociedade, incluindo instituições educacionais e empresariais.
Rede de apoio disponível no Brasil
O país conta com uma ampla rede de serviços de apoio. No serviço público, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) funcionam como portas de entrada. Para situações de emergência, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) prestam auxílio a pessoas em iminência ou tentativa de suicídio.
Destaque especial vai para o CVV (Centro de Valorização da Vida), um canal gratuito de apoio emocional sigiloso que funciona 24 horas por dia. O serviço, realizado por voluntários, pode ser acessado pelo telefone 188 e representa uma linha de frente crucial na prevenção ao suicídio.
Para finalizar, a psicóloga deixa uma mensagem poderosa para quem atravessa momentos difíceis: “Permita-se pedir ajuda e ser ajudado. Tudo é transitório. É preciso buscar soluções emocionais para atravessar os momentos.”
Letícia Cordeiro enfatiza que o apoio familiar, de amigos e profissional são cruciais, mas também destaca fatores protetores da saúde mental que estão ao alcance de todos: “A prática de hobbies, exercícios físicos, alimentação nutritiva, uma boa noite de sono e relacionamentos saudáveis são fatores protetores da saúde mental.”
Sua orientação final é direta e essencial: “E o mais importante, sempre que precisar, PEÇA AJUDA!”
Em caso de emergência:
- CVV (Centro de Valorização da Vida): 188
- SAMU: 192
- Procure a UBS ou CAPS mais próximo da sua região
O Setembro Amarelo nos lembra que a prevenção ao suicídio é uma responsabilidade de todos e que pequenas ações de acolhimento podem salvar vidas.



