Nomeação de Edjane Gomes recoloca município à frente da Gerência Regional de Educação, mas levanta questionamentos sobre a demora do governo estadual
A nomeação de Edjane Gomes como nova Gerente Regional de Educação marca o retorno de Afogados da Ingazeira ao comando do órgão educacional, uma posição que o município não ocupava há anos. A educadora, que passou longos anos à frente do CNE, atual EREM Ione de Góes Barros, assume o cargo em um momento político delicado, que expõe fragilidades na gestão da governadora Raquel Lyra.
Histórico de rotatividade regional
A última vez que Afogados da Ingazeira esteve à frente da GRE foi em 2017, quando Miriam Nogueira ocupou o cargo. Desde então, o órgão passou por uma significativa rotatividade, com gestores de outros municípios da região assumindo a posição. Socorro Amaral, de Tabira, e Cecília Patriota, de Carnaíba, são exemplos dessa alternância que manteve Afogados afastado da gestão regional.
Mais recentemente, Israel Silveira, de Serra Talhada, comandou a GRE. À época de sua indicação, pesaram as articulações políticas da então prefeita Márcia Conrado, ligada a Raquel Lyra, e de Kaio Maniçoba.
Críticas à governadora: onde estava o olhar para Afogados?
A pergunta que fica é: por que demorou tanto? Afogados da Ingazeira, como polo regional, sempre teve quadros técnicos qualificados e lideranças educacionais reconhecidas. A demora em recolocar o município na gestão da GRE evidencia uma falta de sensibilidade política da governadora Raquel Lyra em reconhecer a importância e o protagonismo que Afogados merece no cenário educacional do Sertão do Pajeú.
Durante anos, enquanto outros municípios se revezavam no comando do órgão, Afogados permaneceu à margem, apesar de seu histórico de contribuições significativas para a educação regional. Essa ausência não pode ser vista apenas como uma questão técnica ou administrativa, mas como um reflexo de escolhas políticas que negligenciaram o potencial e a representatividade do município.
Indicação política em meio a tensões
A nomeação de Edjane Gomes traz ainda outro elemento controverso: ela foi indicada por Danilo Simões e Edson Henrique, dois nomes que recentemente deixaram seus cargos na Casa Civil do governo estadual. O timing é no mínimo curioso.
Danilo e Edson pediram exoneração alegando falta de apoio e de encaminhamento às suas solicitações por parte do governo. Ontem, os dois estiveram no programa Debate das Dez da Manhã Total, onde trataram justamente dessas questões que motivaram suas saídas.
A nomeação de Edjane, portanto, ocorre em um contexto de desgaste político evidente. É como se o governo estadual tentasse acalmar ânimos e atender a uma demanda antiga de Afogados justo no momento em que os articuladores da indicação demonstram insatisfação com a gestão Raquel Lyra.
Reconhecimento tardio
Embora seja positivo que Afogados da Ingazeira finalmente retorne à gestão da GRE, não se pode ignorar que isso deveria ter acontecido bem antes. O município possui estrutura, tradição educacional e profissionais capacitados que justificam sua presença à frente do órgão regional.
A gestão de Raquel Lyra precisa entender que decisões como essa não podem depender exclusivamente de arranjos políticos de última hora ou de pressões após desgastes internos. Afogados da Ingazeira merece estar no centro das políticas educacionais regionais por mérito, por história e por relevância — não apenas quando convém politicamente ao Palácio do Campo das Princesas.
A nova gestora Edjane Gomes chega com a responsabilidade de fazer valer essa reconquista e provar que o município nunca deveria ter ficado tanto tempo ausente desse espaço de poder.



