Paris viveu seu maior roubo de arte em décadas após gangue executar plano digno de filme
O Museu do Louvre, a instituição cultural mais visitada do mundo, foi cenário de um assalto audacioso na manhã do último domingo (19), quando criminosos invadiram a famosa Galeria de Apolo e roubaram nove joias históricas da monarquia francesa. A ação, que durou apenas sete minutos, forçou o fechamento imediato do museu e deixou a França em choque.
A OPERAÇÃO
Por volta das 9h30 da manhã (horário local), um comando de quatro homens conseguiu entrar no museu usando uma plataforma elevatória e partindo janelas com discos de corte. Os criminosos acessaram o prédio através de um canteiro de obras pela fachada voltada para o Rio Sena, usando uma espécie de guindaste instalado em um caminhão para chegar ao museu.
Após o roubo, os criminosos conseguiram fugir com motonetas, deixando para trás apenas uma das peças mais valiosas.
AS JOIAS ROUBADAS
Oito peças de joalharia de “valor patrimonial inestimável”, parte do que resta das joias da coroa de França, foram roubadas durante o assalto. Entre os itens levados estão:
Um colar de esmeraldas e um par de brincos da imperatriz Maria Luísa, segunda mulher de Napoleão, um presente de casamento de 1810. Também foram roubados o colar de safiras da rainha Maria Amélia e da rainha Hortênsia, composto por oito safiras e 631 diamantes, além da tiara da Imperatriz Eugénia, mulher de Napoleão III, com cerca de 2000 diamantes.
O famoso diamante Regent, de 140 quilates, o maior da coleção, não foi levado.
A COROA RECUPERADA
Uma das joias roubadas, a coroa de diamantes que pertenceu à imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, foi encontrada abandonada em uma rua nas proximidades do museu. A coroa é composta por 1.354 diamantes e 56 esmeraldas e foi criada pelo ourives Alexandre-Gabriel Lemonnier, com brilho que tinha como objetivo impressionar os visitantes da Feira Mundial de Paris de 1855.
A joia foi achada danificada. A imprensa francesa afirmou que uma segunda joia também foi recuperada, mas não informou qual.
REAÇÕES E INVESTIGAÇÕES
O ministro do Interior francês, Laurent Nuñez, classificou o episódio como um “grande roubo”, afirmando que os criminosos roubaram joias de “valor inestimável” e que eram um “verdadeiro patrimônio”.
O presidente francês Emmanuel Macron reagiu prometendo: “Vamos encontrar as obras e os autores serão levados à justiça. Tudo está a ser feito, em todo o lado, para o conseguir”.
O novo ministro do Interior, Laurent Nuñez, acredita que o roubo foi efetuado por assaltantes “experientes” que poderão ser “estrangeiros”. Entre as linhas de investigação, as autoridades estão a considerar a possibilidade de o roubo ter sido encomendado por um colecionador privado ou de ter como objetivo o desmantelamento das peças para venda das pedras preciosas individualmente.
SITUAÇÃO ATUAL
O Museu do Louvre vai manter-se encerrado esta segunda-feira, 20 de outubro, anunciou a instituição. O Ministério Público de Paris determinou uma investigação sobre o caso, que está sendo conduzida pela brigada de combate ao crime da Polícia Judiciária com apoio do gabinete central de combate ao tráfico de bens culturais.
Até o momento, nenhum suspeito foi preso. A polícia analisa imagens de câmeras de segurança e compara o caso com outros roubos semelhantes em museus franceses.
CONTEXTO HISTÓRICO
Este não é o primeiro roubo na história do Louvre. O mais famoso foi em 1911, quando a Mona Lisa desapareceu de sua moldura, roubada por Vincenzo Peruggia, um ex-funcionário que se escondeu dentro do museu e saiu com a pintura debaixo do casaco. A obra foi recuperada dois anos depois, em Florença.
O episódio ocorre em meio a uma onda de roubos em museus franceses. No último mês, pepitas de ouro foram roubadas do Museu de História Natural de Paris, e o museu Jacques-Chirac sofreu dois assaltos em uma semana.
A audácia da operação, comparada por autoridades às aventuras do personagem literário francês Arsène Lupin, expõe falhas graves na segurança de uma das instituições culturais mais importantes do mundo.



