O ator alemão Udo Kier morreu neste domingo (23), aos 81 anos. A informação foi divulgada pela revista norte-americana Variety e confirmada por seu parceiro, o artista Delbert McBride. Até o momento, não foram revelados detalhes sobre a causa da morte.
Dono de uma presença magnética, marcada por olhos muito claros, voz grave e uma intensidade quase hipnótica, Kier construiu uma filmografia impressionante que atravessou mais de cinco décadas e diferentes movimentos cinematográficos, consolidando-se como um verdadeiro ícone do cinema cult internacional.
A conexão com o cinema brasileiro
A relação de Kier com o cinema brasileiro se intensificou na última década, quando Kleber Mendonça Filho o convidou para interpretar o vilão inesquecível de “Bacurau” (2019), codirigido por Juliano Dornelles. Sua performance como o líder de um grupo de mercenários estrangeiros se tornou memorável, aproximando o ator do público brasileiro e estabelecendo uma forte parceria criativa com o diretor pernambucano.
Em 2024, Udo voltou ao Brasil para filmar “O Agente Secreto” (2025), atualmente em cartaz. No longa, que é a aposta do Brasil para o Oscar de Melhor Filme Internacional, ele aparece em um papel menor, porém marcante, ampliando a colaboração com Kleber Mendonça Filho.
Uma carreira lendária
Nascido em Colônia, Kier iniciou a carreira no fim dos anos 1960 e logo chamou atenção de cineastas que buscavam figuras capazes de ocupar espaços entre o bizarro, o poético e o perturbador. Ao longo de sua trajetória, acumulou mais de 250 créditos em produções cinematográficas.
O ator ganhou projeção internacional com os filmes “Flesh for Frankenstein” (1973) e “Blood for Dracula” (1974), dirigidos por Paul Morrissey e produzidos por Andy Warhol. Essas obras estabeleceram Kier como uma presença única no cinema de arte.
Entre suas colaborações mais celebradas está a parceria duradoura com o diretor dinamarquês Lars von Trier, com quem trabalhou em praticamente todos os filmes desde “Epidemic” (1987), incluindo “Ondas do Destino”, “Dogville”, “Melancholia” e “Nymphomaniac”.
No cinema mainstream, Kier também deixou sua marca em produções como “Ace Ventura: Pet Detective” (1994), “Blade” (1998), “Armageddon” (1998) e “My Own Private Idaho” (1991), de Gus Van Sant, ao lado de River Phoenix e Keanu Reeves.
Sua versatilidade o levou também aos videogames, participando de franquias como “Command & Conquer”, “Call of Duty” e ao projeto mais recente do diretor Hideo Kojima, “OD”.
Com uma carreira que desafiou convenções e atravessou fronteiras, Udo Kier deixa um legado de performances inesquecíveis que continuarão inspirando cineastas e encantando plateias ao redor do mundo.



