Movimentações estratégicas garantem maioria da oposição na CPI da Publicidade
Em uma articulação política que impressiona pela precisão e timing, o prefeito do Recife João Campos (PSB) orquestrou uma verdadeira jogada de mestre que está redefinindo o cenário político na Assembleia Legislativa de Pernambuco. As recentes mudanças partidárias que levaram três deputados a deixarem o PSB demonstram o alcance estratégico do jovem político pernambucano.
A operação começou com a saída do deputado Diogo Moraes, que trocou o PSB pelo PSDB, em seguida Junior Matuto migrou para o PRD, e por fim Waldemar Borges se filiou ao MDB. Todas as movimentações têm um objetivo claro: garantir que a oposição tenha maioria absoluta na CPI que investigará as irregularidades nos contratos de publicidade do governo de Raquel Lyra.
Uma Estratégia Milimetricamente Calculada
O movimento não foi casual. A CPI da Publicidade, que investigará possíveis benefícios irregulares em contratos firmados pelo governo estadual, incluindo suspeitas envolvendo familiares da governadora, representa um instrumento fundamental de fiscalização. Com as mudanças partidárias, a oposição passou a contar com maioria no colegiado, alterando completamente a dinâmica investigativa.
Diogo Moraes, ao se filiar ao PSDB, não apenas fortaleceu numericamente a oposição, como também assumiu imediatamente a liderança da legenda tucana na ALEPE, substituindo a deputada governista Débora Almeida na composição da CPI. A mudança é estratégica: Moraes, com sua vasta experiência parlamentar e quatro mandatos consecutivos, traz peso político significativo para a investigação.
Lideranças que Fazem a Diferença
As nomeações para as lideranças partidárias também revelam o cálculo político por trás das movimentações. Junior Matuto, ao migrar para o PRD, assumiu a liderança do partido, retirando essa posição do vice-líder do governo na ALEPE, Joãozinho Tenório. Já Waldemar Borges tomou a liderança do MDB das mãos de Jarbas Filho, que mantinha apoio à governadora Raquel Lyra.
O resultado prático dessa reorganização é devastador para a base governista: o chamado “blocão” ficou reduzido apenas ao PP, Solidariedade e Federação PR-PV-PCdoB, enquanto PSDB, PRD e MDB saíram da base de sustentação do governo estadual.
Aval Unânime e Articulação Perfeita
O mais impressionante na operação é que nenhum dos partidos envolvidos questionou as mudanças. Tanto os partidos de origem quanto os de destino dos deputados entenderam perfeitamente o movimento como uma estratégia política legítima e necessária. O próprio PSB, através de sua Executiva Estadual, liberou formalmente os deputados para as mudanças de legenda.
Essa unanimidade revela a maestria de João Campos em construir consensos e articular interesses aparentemente divergentes em torno de um objetivo comum: fortalecer a fiscalização sobre o governo estadual.
O Xadrez Político de 2026
As movimentações também precisam ser analisadas no contexto do cenário eleitoral de 2026, quando João Campos é cotado como forte candidato ao governo de Pernambuco, em eventual disputa contra a atual governadora Raquel Lyra. Ao fortalecer a oposição na ALEPE e fragilizar a base governista, o prefeito do Recife constrói um cenário mais favorável para futuras articulações políticas.
A capacidade de João Campos de costurar alianças, mesmo envolvendo partidos tradicionalmente adversários, demonstra uma maturidade política que transcende suas características geracionais. A “jogada de mestre” na ALEPE consolida sua posição como um dos principais articuladores políticos de Pernambuco.
Consequências Imediatas
Com a nova composição, a CPI da Publicidade ganha força investigativa sem precedentes. A oposição, agora majoritária, terá condições de conduzir os trabalhos com autonomia, podendo convocar testemunhas, requisitar documentos e aprofundar investigações que poderiam ser obstaculizadas em um cenário de maioria governista.
Para o governo Raquel Lyra, o cenário representa um desafio político considerável. A perda de controle sobre instrumentos importantes de fiscalização legislativa exigirá maior transparência e cuidado na condução das políticas públicas estaduais.
O Reconhecimento de uma Jogada Histórica
A unanimidade com que os partidos receberam as mudanças e a ausência de questionamentos jurídicos ou regimentais evidenciam que todos os atores políticos reconheceram a legitimidade e, principalmente, a genialidade da articulação. Foi, nas palavras dos próprios envolvidos, uma “pura jogada de mestre do time João Campos”.
Esta operação política entrará para os anais da política pernambucana como exemplo de como a articulação estratégica, o timing perfeito e a construção de consensos podem alterar completamente um cenário político aparentemente consolidado.
