Uma cena inusitada e emocionante marcou a noite deste domingo (12) no Aeroporto de Fernando de Noronha. Dezenas de veículos foram posicionados estrategicamente ao redor da pista para iluminar o pouso de um avião de resgate médico, em uma operação que uniu autoridades e a comunidade local em prol de uma vida.
A paciente Luana Pedro de Lima, que deu entrada no Hospital São Lucas na madrugada de domingo após sofrer um acidente de moto, precisava ser transferida com urgência para o Recife. Os exames revelaram um quadro grave: traumatismo cranioencefálico e fraturas múltiplas na face, incluindo mandíbula, maxila e nariz.
Segundo o hospital, a gravidade das lesões exigia exames de imagem mais detalhados e avaliação cirúrgica especializada, recursos disponíveis apenas no continente.
O problema: pista às escuras
O desafio surgiu quando ficou claro que o resgate precisaria acontecer à noite. Embora o Aeroporto de Fernando de Noronha possa receber voos noturnos em casos de emergência médica, o sistema de balizamento noturno está em pane há alguns dias.
Samuel Prado, diretor da Dix — empresa que administra o aeródromo — confirmou a falha e explicou que a manutenção já foi iniciada. “Detectamos o problema há alguns dias e já compramos as peças necessárias, que devem chegar nos próximos dias para restabelecer o serviço”, informou.
Com o pouso previsto para às 19h30 e sem iluminação adequada na pista, uma solução criativa e urgente precisava ser encontrada.
A mobilização que emocionou
A direção do Hospital São Lucas recorreu aos moradores da ilha, pedindo ajuda para iluminar a pista com os faróis dos veículos. A resposta foi imediata e massiva.
Nino Alexandre Lehnemann, presidente da Associação de Veículos de Turismo, relatou como diferentes categorias profissionais se uniram. “Soubemos que não haveria iluminação na pista e organizamos um mutirão. Locadoras, guias e taxistas atenderam ao chamado — todos que tinham carros com bons faróis vieram ajudar”, contou.
Amanda Roca, presidente da Associação dos Condutores de Visitantes de Noronha, também participou ativamente da mobilização, que transformou uma situação crítica em exemplo de solidariedade.
Carros e caminhões foram posicionados de forma estratégica ao longo da pista, criando um corredor de luz improvisado que permitiu o pouso seguro da aeronave de resgate. A operação foi bem-sucedida, e a paciente pôde ser transferida para receber o atendimento necessário no Recife.
A cena, que poderia ter saído de um filme, mostrou que em momentos de emergência, a união da comunidade pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte.



