Após uma carreira marcada por desafios, dedicação e resultados expressivos no combate ao crime, o delegado Cláudio Castro encerra oficialmente sua trajetória na Polícia Civil de Pernambuco. Com passagens por unidades de elite como o Grupo de Operações Especiais (GOE) e a Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (DENARC), Castro deixa um legado construído ao longo de décadas de serviço público.
Os primeiros passos e os desafios iniciais
A decisão de ingressar na Polícia Civil veio da busca por estabilidade no serviço público, aliada a uma paixão genuína pela área criminal. “A opção de prestar concurso para Delegado da Polícia Civil se deu em razão da oportunidade de ser servidor público e consequentemente ter estabilidade funcional, além da paixão pela área criminal/penal”, relembra Castro.
Os primeiros anos, contudo, não foram fáceis. Inicialmente lotado em Ingazeira e posteriormente transferido para Afogados da Ingazeira, o jovem delegado enfrentou desafios que iam além das questões criminais. “Longe de casa, dos amigos e pra mim tudo era muito novo. Minha primeira lotação foi Ingazeira e naquela época na cidade não havia uma estrutura adequada de moradia, dentre outras coisas”, conta.
Afogados da Ingazeira: adaptação e primeiros casos
Em Afogados da Ingazeira, Castro encontrou uma realidade complexa, com altos índices de criminalidade e condições precárias de trabalho. “Os índices de criminalidade eram maior e o combate difícil em virtude da precariedade de efetivo e condições de trabalho”, explica o delegado, que precisou se adaptar às peculiaridades da região.
Entre os casos que marcaram sua passagem pela cidade, Castro destaca homicídios e estupros solucionados com dedicação e em parceria com a Polícia Militar. No entanto, ele identifica um problema mais profundo: “O maior problema que enxerguei foi a desordem e falta de urbanidade de alguns… A perturbação do sossego era frequente e acarretava outros problemas, por exemplo, brigas e homicídios”.
O delegado observou que havia pessoas que “se achavam acima da lei e da ordem”, o que, aliado ao consumo excessivo de álcool, gerava os maiores problemas para a segurança pública local.
GOE: uma década de operações de alto risco
Um dos marcos da carreira de Castro foi sua passagem pelo Grupo de Operações Especiais (GOE), onde permaneceu por 10 anos e 6 meses – o delegado que mais tempo serviu nesta unidade de elite. “Foram inúmeros casos de Extorsão Mediante Sequestro e várias regiões de PE e até fora. Um crime difícil de investigar e de consequências emocionais terríveis”, relata.

No GOE, Castro integrou uma equipe especializada e dinâmica, participando de operações complexas e tendo a oportunidade de realizar cursos de capacitação em diversos locais do país e no exterior. Atualmente, ele faz parte da Força Nacional de Segurança Pública, experiência que considera “uma grata missão salvar vidas”.
DENARC: seis anos na linha de frente contra o narcotráfico
Entre 2017 e 2023, Castro assumiu a gestão do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (DENARC), comandando 12 delegacias subordinadas. Durante esse período, coordenou operações que resultaram em apreensões significativas de entorpecentes, sequestro de bens e bloqueio de ativos de organizações criminosas com atuação nacional e internacional.

“Foram apreensões significativas de entorpecentes, Operações de Repressão Qualificada, Sequestro de Bens e Bloqueio dos Ativos de várias Organizações Criminosas com atuação em todo o país e até fora”, destaca o delegado sobre sua gestão no combate ao tráfico de drogas.
Últimos anos: foco em roubos e furtos especializados
Nos últimos tempos de sua carreira, Castro esteve lotado na Delegacia de Roubos e Furtos (DPRF), onde se dedicou à investigação de grupos criminosos especializados em roubos a bancos, carros-fortes, joalherias e furtos de cofres. “Nossa equipe vem fazendo um excelente trabalho, realizando várias prisões, diminuindo consideravelmente o número de ocorrências. Combatendo o bom combate”, afirma com satisfação pelos resultados alcançados.
Evolução do crime organizado em Pernambuco
Ao longo de sua trajetória, Castro teve uma visão privilegiada da evolução das organizações criminosas no estado. Sua experiência no DENARC e posteriormente na DPRF permitiu acompanhar de perto como essas estruturas se modernizaram e expandiram suas operações, exigindo constante adaptação das forças de segurança.
O legado e a mensagem para novos policiais
Ao refletir sobre sua aposentadoria, Castro é categórico sobre o que deixa para trás: “O legado realmente ficará… esse é imutável. Foi forjado a muito custo, dedicação, dias/noites/madrugadas”.
Para os novos integrantes das forças de segurança, o delegado deixa uma mensagem carregada de experiência e humanidade: “A força e o respeito vem de suas atitudes. Somos os guardiões da Ordem Pública, a esperança do aflito… tratem igualmente os desiguais… não façam distinção entre o pobre e o rico… todos são dignos de respeito e acolhimento”.
Sua mensagem final ressalta um aspecto fundamental da profissão: “Humildade. Nunca será a farda, mas o ser humano que a usa”.
Com essas palavras, o delegado Cláudio Castro encerra oficialmente uma carreira dedicada à segurança pública, deixando não apenas casos solucionados e criminosos capturados, mas também um exemplo de dedicação e humanidade para as futuras gerações de policiais civis de Pernambuco.