Produtores de Manga em Alerta: Tarifas dos EUA Ameaçam Safra do Vale do São Francisco

Setor fruticultor brasileiro enfrenta crise iminente com medidas protecionistas americanas

O setor fruticultor brasileiro vive um momento de grande tensão após a implementação de tarifas pelos Estados Unidos que impactam diretamente a exportação de manga nacional. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Guilherme Coelho, alertou nesta terça-feira (15) que o impacto das medidas protecionistas americanas é imediato e já coloca em risco toda a cadeia produtiva da fruta.

Foto: Guilherme Coelho / Reprodução

A região do Vale do São Francisco, responsável por 90% da produção nacional de manga, é a mais afetada pela medida. Segundo Coelho, após reunião com o governo federal, os produtores da região já se organizavam há meses para exportar a fruta aos Estados Unidos, mas agora enfrentam uma situação de incerteza total.

“Temos hoje cerca de 2,5 milhões de hectares de frutas e 5 milhões de empregos. Mas, neste momento, o que mais nos afeta é a safra de manga para os Estados Unidos. São 2,5 mil containers”, explicou o presidente da Abrafrutas, demonstrando a magnitude do problema que atinge o setor.

O dirigente destacou que a safra atual foi planejada há seis meses e que toda a logística já estava estruturada. “Já temos embalagens, navios e compradores prontos. Já está tudo organizado, e isso engloba os grandes, os pequenos e os médios produtores”, afirmou Coelho, ressaltando que a medida afeta produtores de todos os portes.

A situação é particularmente grave porque não há alternativas imediatas para escoar a produção. O presidente da Abrafrutas foi enfático ao explicar as limitações: “Não podemos pegar essa manga e jogar na Europa. O preço vai desabar e não há logística para isso. Não podemos colocar essa manga no Brasil, porque o mercado vai colapsar.”

Coelho reconheceu a reação rápida do governo brasileiro, mas cobrou urgência na definição de uma solução. “Urge uma definição, urge o bom senso. Não podemos deixar manga no pé nem provocar desemprego em massa”, alertou, evidenciando o risco social que a medida pode causar.

O presidente da Abrafrutas também criticou a forma como a questão foi conduzida pelos Estados Unidos, defendendo que o diálogo deveria preceder qualquer medida protecionista. “Primeiro a taxação, depois a conversa? Não é assim que se faz. Geralmente, se conversa, esgota-se o diálogo e só então se parte para outra coisa”, argumentou.

O setor fruticultor brasileiro emprega diretamente 5 milhões de pessoas e movimenta uma área de 2,5 milhões de hectares. A manga destinada aos Estados Unidos representa uma fatia significativa dessa economia, especialmente para o Vale do São Francisco, região que se consolidou como principal polo produtor nacional.

A crise atual coloca em xeque não apenas a safra imediata, mas também o planejamento futuro do setor, que depende de estabilidade nas relações comerciais internacionais para manter seus investimentos e empregos.

A situação exige uma resposta rápida tanto do governo brasileiro quanto de negociações diplomáticas com os Estados Unidos para evitar prejuízos irreparáveis ao setor fruticultor nacional.

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