Mensagens recuperaras de celulares apreendidos revelam tentativas de coação a autoridades e críticas entre aliados
A Polícia Federal indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação a autoridades no âmbito da ação penal do golpe de Estado, além de realizar operação de busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia. O caso ganhou repercussão nacional após a divulgação de áudios que expõem tensões internas no grupo bolsonarista.
Áudios recuperados revelam críticas internas
No relatório em que indiciou Bolsonaro e o filho, a PF diz ter extraído do celular do ex-presidente apreendido em julho áudios e conversas dele com Eduardo e Malafaia que tinham sido apagados. Esses registros, na avaliação dos investigadores, reforçariam as tentativas de articulação para intimidar autoridades e atrapalhar as investigações.
Entre os áudios divulgados, destaca-se uma mensagem do pastor Silas Malafaia ao ex-presidente onde ele faz críticas severas a Eduardo Bolsonaro. Na gravação, Malafaia critica a postura de Eduardo em discursos considerados nacionalistas, usando termos como “babaca”, “idiota” e “estúpido”.
“Esse seu filho Eduardo é um babaca”, escreveu Malafaia em 11 de julho, logo após o anúncio da sobretaxa de 50% ao Brasil pelo governo de Donald Trump. O áudio integra o material que fundamentou o indiciamento dos envolvidos.
Acusações de coação e obstrução
A Polícia Federal indiciou nesta quarta-feira, 20, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo e abolição do estado democrático de direito ao tentar interferir no julgamento da ação penal do golpe.
O relatório, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), aponta que os investigados tentaram coagir autoridades e obstruir o andamento das investigações relacionadas à tentativa de golpe de Estado. O relatório final do órgão foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta, 15, e imputa a ambos os indiciados os crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Operação contra Malafaia
Paralelamente aos indiciamentos, o pastor teve celular apreendido e está proibido de deixar o país. A Polícia Federal (PF) incluiu em relatório um áudio do pastor Silas Malafaia enviado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A gravação integra o material que levou ao indiciamento de Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), pelos crimes de coação.
Conforme relatado, menos de uma hora após a ativação do novo celular, em 25/7/2025, às 11h09, o pastor Silas Lima Malafaia enviou mensagens a Jair Bolsonaro pedindo que o investigado “disparasse” dois vídeos, demonstrando a coordenação entre os investigados para influenciar a opinião pública sobre o processo.
Tensões familiares expostas
Os áudios revelam não apenas questões legais, mas também tensões internas na família Bolsonaro. Um áudio atribuído ao pastor Silas Malafaia, divulgado em investigação da Polícia Federal (PF), expõe críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e elogios ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), indicando preferências dentro do círculo bolsonarista.
Próximos passos
Com o indiciamento formalizado e o relatório enviado ao STF, o caso agora depende das decisões da Suprema Corte. Os crimes imputados – coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito – podem resultar em consequências jurídicas significativas para os envolvidos.
A divulgação dos áudios marca um novo capítulo nas investigações sobre a tentativa de golpe, oferecendo aos investigadores evidências diretas das articulações entre os principais suspeitos e suas tentativas de interferir no curso da Justiça.