Presidente brasileiro lidera Cúpula de Líderes com representantes de 57 países e defende que conferência seja “a COP da verdade”
Começou nesta quinta-feira (6) a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), encontro mundial para debater e estabelecer compromissos de soluções para as mudanças climáticas, realizado no Parque da Cidade, em Belém (PA), e conduzido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O evento marca um momento histórico para o Brasil, que sedia pela primeira vez uma COP na região amazônica.
A abertura da “COP da verdade”
O presidente brasileiro vai conduzir as discussões e foi o primeiro a discursar, por volta das 10h30. Em artigo publicado em dezenas de jornais do mundo todo na manhã desta quinta-feira, Lula convocou os líderes de todo o mundo para a reunião, afirmando que todos devem assumir o compromisso multilateral de agir com a urgência que a crise climática exige.
O presidente destacou que a COP30 precisa ser mais que um fórum de debates — deve gerar ações efetivas no combate às mudanças climáticas. Em seu discurso, Lula foi enfático ao rechaçar o que chamou de “feira de boas ideias” e exigir resultados concretos dos líderes presentes.
“Se não atuarmos de maneira efetiva, para além dos discursos, nossas sociedades perderão a crença nas COPs, no multilateralismo e na política internacional de maneira mais ampla”, escreveu Lula no artigo. O presidente complementou dizendo que “a época das cartas de boas intenções se esgotou: é chegada a hora dos planos de ação”.
Amazônia no centro das atenções
A escolha de Belém como sede da COP30 teve um sentido simbólico importante, como relata o presidente: “Quando decidimos trazer a COP para o estado do Pará, para a cidade de Belém e para a Amazônia, a primeira coisa que nós fizemos foi assumir um desafio contra pessoas que acreditavam que a gente não poderia fazer uma COP na Amazônia”.
Para Lula, a conferência permitirá ao mundo enxergar a Amazônia de forma mais ampla, lembrando que a preservação da floresta depende não apenas da conservação ambiental, mas também do suporte econômico, educacional e de saúde às comunidades locais.
“Esta COP 30 é um momento único na história do Brasil, porque é o momento em que estamos obrigando o mundo a olhar para a Amazônia com os olhos que deve olhar. Não é só pedir para a gente manter a floresta em pé; para ela ficar em pé, é preciso dar sustentação econômica, educacional e de saúde para as pessoas que a mantêm”, afirmou o presidente.
Fundo de Florestas Tropicais e compromissos brasileiros
Um dos destaques da agenda é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que será lançado durante a COP30 e prevê recompensa a países que preservam suas florestas tropicais, além de retorno financeiro aos que investem no fundo. O Brasil anunciou investimento de US$ 1 bilhão no TFFF e espera anúncios igualmente ambiciosos de outros países.
Por volta do meio-dia, o presidente Lula oferece um almoço do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre com o objetivo de comprometer os líderes dos países com a preservação das florestais tropicais a partir de investimentos no TFFF.
O presidente ressaltou que o Brasil conseguiu reduzir pela metade o desmatamento na Amazônia em dois anos e se comprometeu a apresentar uma nova meta nacional (NDC) que visa reduzir entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2030, abrangendo todos os setores da economia.
Justiça climática e financiamento
Lula reforçou a necessidade de medidas concretas e defendeu uma nova governança internacional para o clima, afirmando que “para combater, juntos, a crise climática precisamos de recursos. E reconhecer que o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, continua sendo a base inegociável de qualquer pacto climático”.
O presidente enfatizou a importância da justiça climática, cobrando que os países desenvolvidos assumam sua responsabilidade histórica pelas emissões de carbono: “O Sul Global exige maior acesso a recursos. Não por uma questão de caridade, mas de justiça. Os países ricos foram os maiores beneficiados pela economia baseada em carbono”.
Estrutura do evento e próximos passos
A Cúpula de Líderes, com duração de dois dias, deve contar com a presença de 57 chefes de Estado e de governo e 143 delegações internacionais, e antecede a COP, que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro na capital paraense.
Às 11h terá início a Sessão temática 2 sobre Transição energética, incluindo compromissos para triplicar a capacidade global de energias renováveis até 2030, duplicar a eficiência energética e consolidar o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis. A partir das 15h30, ocorre a Sessão Temática 3 sobre os 10 anos do Acordo de Paris, com balanço dos acordos e definição de novas metas, além de buscar entendimento sobre o financiamento das ações para mitigar as mudanças climáticas.
Expectativas otimistas
Nos últimos dias, Lula não escondeu seu otimismo com a COP30: “Tenho certeza de que nós vamos fazer a melhor COP de todas as COPS já realizadas até hoje. Nós já fizemos o melhor G20, já fizemos o melhor Brics, e vamos fazer a melhor COP de todas”.
De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da Conferência, sendo aproximadamente 7 mil da chamada “família COP”, formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros.
Com Belém vivendo dias de intensa movimentação, a cidade recebeu reforços de segurança e obras de infraestrutura, e, simbolicamente, tornou-se a capital do país durante o evento, consolidando a COP30 como um marco nas discussões climáticas globais.



