Jornalista encerra hoje uma era histórica no telejornalismo brasileiro e anuncia nova fase no Globo Repórter
Nesta sexta-feira, 31 de outubro de 2025, milhões de brasileiros ouvirão pela última vez o tradicional “Boa Noite” de William Bonner à frente do Jornal Nacional. Após 29 anos e seis meses como âncora do principal telejornal do país, e 26 anos como editor-chefe, o jornalista de 61 anos encerra um ciclo histórico que o consolidou como uma das vozes mais reconhecíveis e confiáveis da televisão brasileira.
Uma trajetória de quase três décadas
William Bonner assumiu a bancada do Jornal Nacional em 1º de abril de 1996, ao lado de Lilian Witte Fibe. Pouco depois, Fátima Bernardes tornou-se sua parceira na apresentação, e juntos comandaram o telejornal até 2011. Em 1999, Bonner assumiu também a função de editor-chefe, acumulando responsabilidades que incluíam coordenar reuniões, avaliar pautas, planejar edições e apresentar as notícias a milhões de telespectadores diariamente.
Ao longo dessas quase três décadas, Bonner conduziu coberturas históricas que marcaram gerações de brasileiros:
- O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 em Nova York, com transmissão ao vivo que consolidou o JN como principal fonte de informação do país
- A emocionante homenagem ao repórter Tim Lopes, assassinado durante investigação no Rio de Janeiro em 2002
- A eleição de Barack Obama como primeiro presidente negro dos Estados Unidos
- A cobertura da escolha do Papa no Vaticano
- As tragédias das enchentes no Rio Grande do Sul
- Múltiplas eleições presidenciais e escândalos políticos que marcaram a história recente do Brasil
Os motivos da despedida
A decisão de deixar o Jornal Nacional não foi repentina. Bonner revelou que há cinco anos vem conversando com a direção do jornalismo da Globo sobre o desejo de reduzir a carga horária e as responsabilidades exigidas pela dupla função de âncora e editor-chefe.
“Alguns números ajudam a explicar meu desejo e minha necessidade de mudar de ritmo. São 29 anos e quatro meses de JN. Exatos 26 anos como chefe da equipe de editores, comandando reuniões, avaliando pautas, planejando edições, apresentando as notícias a milhões. Nesse período, tornei-me pai, vi minhas crianças acharem que se tornaram adultos. Mudaram de endereço, até de país”, explicou o jornalista.
A pandemia de COVID-19 foi um ponto de inflexão importante, fazendo Bonner repensar o tempo dedicado à família e a projetos pessoais. O desgaste físico e emocional da rotina intensa, somado à crescente pressão e polarização do cenário político brasileiro, também pesaram na decisão.
A passagem de bastão
Nesta sexta-feira, ao lado de Renata Vasconcellos, Bonner receberá César Tralli no estúdio para a passagem simbólica de bastão. Tralli, que atualmente apresenta o Jornal Hoje, estreia como novo âncora do Jornal Nacional na segunda-feira, 3 de novembro, formando dupla com Renata.
A escolha de Tralli é vista como uma continuidade natural: o jornalista tem perfil semelhante ao de Bonner, com longa carreira na Globo, forte presença editorial e experiência como correspondente internacional e repórter especial.
Assumindo o cargo de editora-chefe do JN está Cristiana Sousa, atual editora-chefe adjunta que trabalhou ao lado de Bonner durante mais de cinco anos. Cristiana está na Globo desde 1996 e tem vasta experiência em telejornalismo.
Os próximos passos
A despedida do Jornal Nacional não significa aposentadoria. Em 2026, William Bonner iniciará uma nova fase na carreira, integrando a equipe do Globo Repórter ao lado de Sandra Annenberg.
“Ser recebido pelo Globo Repórter me deixa honrado e gratíssimo. Todos os meus amigos me ouviram falar do sonho de integrar essa equipe quando pudesse deixar o JN. De todos os programas do jornalismo já existentes quando cheguei à Globo, é o único em que nunca atuei, nem interinamente, em 39 anos”, celebrou Bonner.
A mudança permitirá ao jornalista trabalhar com reportagens especiais e documentários, em uma função que exige menos exposição diária e oferece mais flexibilidade para conciliar vida profissional e pessoal.
Reestruturação nos telejornais da Globo
A saída de Bonner faz parte de uma ampla reestruturação nos telejornais da emissora, considerada a maior mudança no jornalismo da Globo em quase 30 anos. Além do Jornal Nacional, outros noticiários passam por alterações:
- Hora 1: Tiago Scheuer assume no lugar de Roberto Kovalick
- Jornal Hoje: Roberto Kovalick assume no lugar de César Tralli
As mudanças representam uma renovação natural na linha jornalística da Globo, que busca equilibrar tradição e inovação, mantendo o compromisso com credibilidade e imparcialidade.
Um legado para a história
William Bonner deixa como legado não apenas décadas de jornalismo de qualidade, mas também a credibilidade, sobriedade e estilo que ajudaram a moldar o telejornalismo brasileiro. Sob sua gestão, o Jornal Nacional incorporou inovações tecnológicas e novos padrões editoriais, adaptando-se às mudanças no consumo de notícias e ao cenário midiático em constante transformação.
O último “Boa Noite” de William Bonner marca o fim de uma era, mas também celebra uma carreira brilhante que continuará, de outra forma, a informar e inspirar os brasileiros nos próximos anos.



