Ministro do STF ordena abertura de inquéritos para apurar uso irregular das chamadas “emendas Pix”
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino determinou que as superintendências da Polícia Federal instaurem inquéritos para investigar irregularidades no uso de R$ 694 milhões em emendas parlamentares do tipo “Pix”. A decisão foi tomada neste domingo (24) após identificação de indícios de má gestão e possível corrupção na aplicação dos recursos.
Falta de Justificativa para os Recursos
As emendas investigadas se caracterizam pela ausência de planos de trabalho adequados ou justificativas claras sobre a destinação dos valores. Segundo a determinação de Dino, há “situação de parcial descumprimento de decisão judicial” pela não apresentação desses planos de aplicação dos recursos públicos.
As chamadas “emendas Pix” tornaram-se um dos mecanismos mais utilizados pelo Congresso Nacional devido à rapidez na liberação dos valores, permitindo transferências diretas para estados e municípios sem a necessidade de convênios formais.
Investigação Abrangente
A decisão do ministro estabelece que as informações sobre as irregularidades sejam encaminhadas às superintendências regionais da Polícia Federal, que deverão instaurar inquéritos específicos para apurar se houve:
- Negligência na aplicação dos recursos
- Má gestão dos valores públicos
- Práticas de corrupção
Além da investigação criminal, Dino também determinou que a Controladoria-Geral da União (CGU) realize auditoria completa sobre os repasses de recursos oriundos de emendas parlamentares para a Associação Moriá, contemplando os anos de 2022 a 2024.
Contexto Mais Amplo
Esta decisão se insere em um contexto mais amplo de investigação sobre emendas parlamentares. Anteriormente, o ministro já havia suspendido o pagamento de R$ 4,2 bilhões do orçamento da União destinados a emendas parlamentares até que fossem cumpridos critérios básicos de transparência.
A Associação Moriá, mencionada na decisão, já foi alvo de operação da Polícia Federal e da CGU em julho deste ano por supostas irregularidades na execução de cerca de R$ 15 milhões em recursos de emendas parlamentares envolvendo o Ministério do Esporte.
Transparência e Accountability
A medida de Dino reforça a necessidade de maior transparência na aplicação de recursos públicos provenientes de emendas parlamentares. O ministro é relator de todas as ações em tramitação no STF que tratam do tema e tem se posicionado de forma rigorosa quanto ao cumprimento de critérios de transparência e prestação de contas.
A investigação busca não apenas apurar eventuais irregularidades já ocorridas, mas também estabelecer precedentes para o controle mais efetivo da aplicação de recursos públicos através do mecanismo das emendas parlamentares.