O sertão pernambucano ganha mais um embaixador cultural. Kauã Poeta, natural de Tabira, região do Pajeú, prepara-se para apresentar seu novo show no festival Pernambuco Meu País, levando consigo toda a riqueza poética e musical de sua terra natal. Em entrevista exclusiva, o jovem artista compartilha sua trajetória, influências e a paixão que move seu trabalho artístico.
Raízes profundas na cultura nordestina
A ligação de Kauã com a cultura popular nasceu ainda na infância. “Desde pequeno tenho a cultura na veia. Comecei a tocar sanfona e cantar com 5 anos, depois passei a declamar, e assim começou minha trajetória”, conta o artista, revelando como a música sempre esteve presente em sua vida.
O caminho até o trabalho solo foi gradual e repleto de aprendizados. Kauã relembra que “a ideia de formar uma banda é antiga, já venho juntando alguns amigos para tocar faz tempo”. Essa jornada o levou a percorrer diferentes regiões: “Começamos com a essência do Pajeú e depois rodamos o sertão e o litoral com o grupo Biocultural, que mais tarde se tornou o Poetizar”.
A experiência com o grupo Poetizar foi fundamental para seu desenvolvimento artístico. “Esse grupo me trouxe muito aprendizado e mais amor pela música”, reflete Kauã, que agora segue carreira solo com o projeto Kauã Poeta, levando “a poesia do Pajeú em forma de música e declamação para Pernambuco, o Nordeste e todo o Brasil”.

Para Kauã, sua terra natal não é apenas um local geográfico, mas uma fonte permanente de criatividade. “Essa nossa Tabira, terra tão fértil e poética, me inspira todos os dias. O Pajeú vive em mim”, declara com emoção.
O artista demonstra profundo conhecimento e respeito pela tradição cultural de sua região, citando grandes nomes que o influenciam: “É impossível não ser influenciado pelas poesias de Dedé Monteiro, pelo dedilhado de Paulo Matricó, pelas contações de histórias de Genildo Santana, pelas bravuras de Lampião, pelos desafios de Louro, Sebastião Dias e João Paraibano”.
Essa conexão com as raízes se manifesta em cada aspecto de seu trabalho. “O Pajeú e seus poetas são minha raiz. Eles me influenciam em cada verso, em cada composição, e sei que continuarão me guiando até o fim dos meus dias”, afirma Kauã, evidenciando a profundidade de seu compromisso com a cultura regional.
Como muitos artistas brasileiros, Kauã enfrenta obstáculos práticos em sua trajetória. Com bom humor, ele admite que “o maior desafio é lidar com a questão burocrática que sempre nos pega desprevenido”, complementando com risos que “isso tudo faz parte do processo”.
Apesar dos desafios, o otimismo prevalece, especialmente com a oportunidade de apresentar seu novo show no festival Pernambuco Meu País. “Estrear nosso novo show no festival Pernambuco Meu País é uma honra, porque esse evento tem a nossa cara e identidade. Nada melhor que uma vitrine como essa para apresentar nosso show ao Brasil”, celebra o artista.
Sobre o que o público pode esperar de suas apresentações, Kauã é direto: “O público pode esperar muita poesia, muito Pajeú e muito forró raiz. Mas também vamos apresentar músicas autorais, compostas com muita alegria e com parceiros extremamente poéticos”.
A proposta artística de Kauã Poeta busca equilibrar tradição e inovação, mantendo as raízes do forró tradicional enquanto apresenta composições originais que refletem sua visão contemporânea da cultura nordestina.
Para Kauã, o forró transcende o aspecto musical, representando a própria identidade nordestina. “O forró representa tudo pra mim. Como disse Luiz Gonzaga, ele é a cara do povo nordestino. É a nossa essência, nosso dia a dia, nosso feijão com arroz, nossa sustância”, explica o artista, fazendo referência ao Rei do Baião.
Consciente da responsabilidade que carrega ao representar essa tradição, Kauã conclui: “Ser mais um representante do forró é uma honra imensurável e também uma responsabilidade”.
Ao encerrar a entrevista, Kauã deixa uma mensagem que resume sua filosofia de vida e arte: “A mensagem que quero deixar pra quem ler essa matéria é simples e profunda: Poetize-se! Transforme sua vida numa poesia”.
Com essa filosofia, Kauã Poeta segue sua missão de levar a riqueza cultural do Pajeú para além das fronteiras do sertão pernambucano, provando que a arte popular brasileira continua viva e pulsante nas mãos de uma nova geração de artistas comprometidos com suas raízes.