Manifestações simultâneas em 33 cidades reúnem milhares contra proposta que dificulta abertura de processos contra parlamentares
O Brasil presenciou neste domingo (21) uma das maiores jornadas de protestos do ano, com manifestações em todas as 27 capitais do país contra a chamada “PEC da Blindagem” e o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Sob o lema “Congresso Inimigo do Povo”, milhares de pessoas foram às ruas para demonstrar indignação contra as propostas aprovadas pelo Congresso Nacional.
O Contexto da Revolta
A mobilização ganhou força após a aprovação, na Câmara dos Deputados, da urgência do projeto de anistia e da PEC da Blindagem. Esta última proposta, aprovada em 16 de setembro, dificulta na prática a abertura de processos penais contra deputados e senadores, exigindo autorização prévia do Congresso para investigações criminais. Os manifestantes veem nas medidas uma tentativa de criar impunidade para políticos.
São Paulo: Mobilização na Paulista
Na capital paulista, os protestos se concentraram na icônica Avenida Paulista, tradicional palco das grandes manifestações políticas do país. Os manifestantes paulistanos se somaram ao coro nacional de repúdio às propostas, empunhando cartazes e faixas com palavras de ordem contra o que consideram um retrocesso democrático.
A mobilização em São Paulo fez parte de uma articulação nacional coordenada pela Frente Povo Sem Medo, que organizou atos simultâneos em todo o território brasileiro. A manifestação paulistana reuniu representantes de movimentos sociais, partidos políticos de oposição e sociedade civil organizada.
Rio de Janeiro: Arte e Resistência em Copacabana
O Rio de Janeiro transformou sua manifestação em um grande evento cultural de resistência. O protesto, que teve concentração no Posto 5 de Copacabana, contou com apresentações musicais de grandes nomes da música popular brasileira, incluindo Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso, que emprestaram suas vozes ao movimento de oposição.
A presença desses artistas icônicos deu um tom especial ao protesto carioca, relembrando os grandes festivais de música que marcaram a resistência cultural durante outros momentos da história brasileira. A combinação entre arte e política atraiu não apenas militantes tradicionais, mas também um público mais amplo, interessado tanto na música quanto na mensagem política.
Recife: Mobilização no Coração de Pernambuco
Em Recife, capital pernambucana, os manifestantes se concentraram na Rua da Aurora, em frente ao Ginásio Pernambucano, no bairro de Santo Amaro, a partir das 14h. A escolha do local, região central e histórica da cidade, simbolizou a importância do movimento para a democracia pernambucana.
O protesto recifense fez parte da estratégia nacional de ocupar simultaneamente espaços públicos em todo o país, demonstrando a capilaridade do movimento de oposição às propostas. Os manifestantes nordestinos se juntaram ao coro nacional, levando cartazes e entoando palavras de ordem contra o que denominaram “PEC da Bandidagem”.
Articulação Nacional e Apoio Artístico
A jornada de protestos foi articulada nacionalmente por movimentos sociais e partidos de oposição, com o apoio declarado de artistas renomados. Além dos já mencionados, nomes como Caetano Veloso, Sandra de Sá e Daniela Mercury manifestaram publicamente seu apoio aos atos, alguns participando presencialmente das manifestações.
Em Salvador, por exemplo, Daniela Mercury comandou o protesto do alto de um trio elétrico no Cristo da Barra, dando ao ato baiano características de festa popular, típicas da cultura local, mas com uma mensagem política clara e contundente.
Repercussão e Números
Segundo organizadores e veículos de comunicação, as manifestações reuniram milhares de pessoas em todo o país, com registros de “multidões nas ruas de grandes cidades como Salvador, Recife, Natal e Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro”, conforme relataram fontes oficiais.
O movimento conseguiu mobilizar simultaneamente 33 cidades, incluindo todas as capitais brasileiras, demonstrando uma capacidade de articulação política que não se via há tempos no cenário nacional. A coordenação dos atos evidenciou a insatisfação generalizada com as propostas aprovadas no Congresso.
O Que Vem Pela Frente
Os protestos deste domingo representaram um marco na resistência organizada contra as propostas que os manifestantes consideram atentatórias à democracia. Com a PEC da Blindagem já aprovada na Câmara e aguardando tramitação no Senado, e o projeto de anistia em discussão, espera-se que o movimento mantenha a pressão sobre o Congresso Nacional.
A articulação nacional demonstrada nesta jornada de protestos pode ser um indicativo de que outras mobilizações estão por vir, caso as propostas continuem avançando no processo legislativo. A sociedade civil organizada mostrou, mais uma vez, sua capacidade de ir às ruas quando considera que a democracia está em risco.
A jornada de protestos deste domingo ficará marcada como um momento de união nacional contra o que os manifestantes enxergam como tentativas de enfraquecer as instituições democráticas e criar mecanismos de impunidade para a classe política.



